sábado, 25 de dezembro de 2010

Não desejava banalizar o Amor..




Deixei de sussurrar que te amava, mas e os meus pensamentos? E as noites mal dormidas? Lugares tantas vezes proibidos pra nós e a sós...
Trai-me, banalizei o amor de tanto segurá-lo, aprisioná-lo...
 Banalizei, Banalizei...
Tempo, esperá-lo?
No Fundo só queria a resposta sobre o que fazer com o vazio de hoje. 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sonho e quero!

Sonho que você virá
Você que hoje mora apenas no reino dos meus desejos
Nos meus maiores e mais incríveis delírios
Nas minhas fantasias...
Então sonho e quero!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Sutilmente

"E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe
[...]
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti..."
(Samuel Rosa/ Nando Reis)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Lua Adversa


Tenho fases, como a lua 
Fases de andar escondida, 
Fases de vir para a rua... 
Perdição da minha vida! 
Perdição da vida minha! 
Tenho fases de ser tua,
T
enho outras de ser sozinha. 
(Cecília Meireles)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Não era amor, era melhor!


"…Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo.
Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.
Não era amor,era uma sorte. 
Não era amor, era uma travessura.
Não era amor, eram dois travesseiros.
Não era amor, eram dois celulares desligados. 
Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno.
Não era amor, era sem medo.
Não era amor, era melhor!"
(Martha Medeiros)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O amor não morre de morte natural

O amor nunca morre de morte natural. Ele morre porque nós não sabemos como renovar a sua fonte. Morre de cegueira e dos erros e das traições . Morre de doença e das feridas; morre de exaustão, das devastações, da falta de brilho.
(Anais Nin)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O que há por trás do Livre-arbítrio ?



"E se eu mudasse meu destino num passe de mágica? (...) Estranho, mas é sempre como se houvesse por trás do livre-arbítrio um roteiro fixo, pré-determinado, que não pode ser violado."

(Caio Fernando Abreu)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ausência

Tua ausência é uma tortura
Fere, machuca e maltrata
Destrói sonhos e leva à loucura
Acaba com a esperança e quase mata

Deixa um vazio imenso
É a felicidade que me abandona
E esse sofrimento intenso
Ao invés de libertar, aprisiona

Sentir tua falta é um martírio
Quero gritar mas não consigo
E em meio ao meu silêncio e delírio
Ouço apenas o eco do meu próprio grito
(Jacque)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Viver intensamente?



Se embriagar de todos os segundos,
de todas as pessoas,
de todas as histórias
Se apegar,
Desapegar...
Não se permitir ao fixo,
nem se abandonar ao fluxo...
Partir,
Mas querer ficar...
(Maristela Campos) 

Não gosto de introdução


Não Gosto de introdução.
Se pudesse mudar algo, iria extinguir a introdução e minhas histórias começariam do meio.
No início tudo é muito frágil, tudo é desconhecido, e como não houvera tempo suficiente para se encantar com o personagem, basta apenas uma vírgula no lugar errado e pronto, fecha-se o livro.
O curioso é que sempre sabemos que somente decorridos alguns capítulos é que  história se torna interessante, envolvente, mas nem sempre estamos dispostos a aguardar, então simplesmente decidimos encerrar a leitura.
E assim, vão se acumulando ao longo das nossas vidas, vários livros não terminados e que talvez algum deles pudesse ter sido o que nos marcaria.
Mas, enfim, eles foram largados e ficaram esquecidos, abandonados em algum cantinho.
Decididamente não gosto de introdução.
                                                                                                                                                    (Jacque)

domingo, 5 de dezembro de 2010

O que fazer?

Quando escrevo algo que não gosto
Arranco a folha e jogo fora.
Mas, o que faço quando não gosto de alguns dias?
                                                               (Jacque)

sábado, 4 de dezembro de 2010

MOMENTO EPIFÂNICO...



Ontem quando voltava da casa da Jacque às 21h27min, somos abordadas por dois garotos, um de aproximadamente 16 anos, este ainda sonhava, o outro de 14 não mais. Chegaram tirando um objeto de dentro dos shorts e perguntaram:
- Tia! Quer comprar esse chinelo?
Nossa reação fora imediatamente um NÃO! E o silêncio imperou como uma forma de autodefesa, não por medo deles, mas sim de nós, da nossa covardia, e do descobrimento das falhas e limitações de tudo que acreditamos...
 Eles Simplesmente assentaram-se, e um deles acendera um cigarro, e começaram a descrever o furto...

 MOMENTO EPIFÂNICO...

"O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença." (Érico Veríssimo)
Poderíamos ter sido indiferentes naquele exato momento e neutralizado este mórbido problema social, entretanto aqueles garotos nos tiraram de nossa zona de conforto exigimos então uma reação, porquanto os olhos deles falavam da perda de uma infância nunca vivida, no entanto a palavras lhes eram totalmente contrarias... Riam e se vangloriavam por terem simplesmente passado a noite em uma delegacia, sentiam prazer como se fosse uma brincadeira pueril. Descreviam sua ex-arma como um brinquedo, como aquele especial que a gente não largava, mas a vida para eles não era uma ilusão, mas sim uma fatídica realidade; sonhavam com o crime, criavam um crime, como uma brincadeira de esconde-esconde. E eles se escondem para nunca mais serem achados. E quem bate a cara somos nós.
                                                  (Maristela Campos)

Exposição PAISAGEM FERIDA por Fabio Motta.

Na paisagem iluminada pelas chamas, o fogo tem fome, a fuga tem um nome: sobrevivência! Ai de ti Cerrado! Quem resistirá ao ardor inquieto, ao espetáculo frívolo e esfuziante de semelhante pratica? Se assim é, nem mesmo o vento que sopra resfria o ardor. Fonte de água que esgota evaporada pelo calor. Ai de ti Cerrado! Tudo em tua paisagem ferve. Tudo em tua paisagem evapora. Tudo em tua paisagem vai embora. Estéreis sementes. Blasfêmias difundidas pelo espaço. Ensejo de buscar salvação. Sepultura da paisagem fosse qual fosse à intenção. Ai de ti Cerrado! Desígnio aos grãos no esquife do pensamento. Arde em ti Cerrado, neste tempo, a prática de agosto. Para em nada desdizer, ensejo de uma paisagem ferida além de uma folha de rosto.

(Airton Reis)

A exposição pode ser vista  no Pavilhão das Artes, Palácio da Instrução, Praça da República, 115, nesta capital, intitulada; “Paisagem Ferida”. Congratulações poéticas!

***Belíssima exposição, aliás, indescritível. As imagens falavam, o som sussurrava e os troncos das arvores tocavam-nos, tamanha fora a sensibilidade captadas nessas delicadíssimas películas... A noite estava linda, e a companhia era necessária. Afável espetáculo visto, sentido e cochichado... Obrigada Drii por ter me tirado de casa... 

(Maristela Campos)



Tempo

Dizem que o tempo cura tudo.
E se o tempo não for o remédio?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Como a maré


Não sou igual todos os dias
Sou como a maré
Alguns dias transbordo
Outros, retraio.
                                        (Jacque)

Até que a gente ache...


" Acho que, de certa forma, todos somos rejeitados. Isso até que a gente ache alguém que combine com a gente, alguém que nos desafie a ser o melhor que pudermos. Alguém que nos entenda, mesmo quando damos o pior de nós. Foi aí que comecei a perceber como isso era raro..." 

 [Fala do personagem kevin Arnold - Anos incríveis]

terça-feira, 30 de novembro de 2010

...



“Somos peças de um quebra cabeça
Que não se encaixa
Em todos os lugares...”

                        ( Naiara Rodrigues )

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

OS NINGUÉNS ...

“As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.”


(Eduardo Galeano - Livro dos Abraços)


P.S.: Nenhuma imagem se atrevera a descrevê-lo...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Congresso Internacional do Medo


Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.


(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Preferível !?



“É preferível prevenir os delitos a ter de puni-los; e todo
legislador sábio deve antes procurar impedir o mal que
recuperá-lo, pois uma boa legislação não é mais do que a arte
de proporcionar aos homens a maior soma de bem-estar
possível e livrá-los de todos os pesares que se lhes possam
causar, conforme o cálculo dos bens e dos males desta
existência. Contudo, os processos até hoje utilizados são
geralmente insuficientes e contrários à finalidade que se
propõem.” 

 ( Dos delitos e das penas - Cesare Beccaria )


sábado, 20 de novembro de 2010

Consciência tem cor ?

"A covardia coloca a questão: 'É seguro?'
O comodismo coloca a questão: 'É popular?'
A etiqueta coloca a questão: 'é elegante?'
Mas a consciência coloca a questão, 'É correto?'
E chega uma altura em que temos de tomar uma posição que não é segura, não é elegante, não é popular,
mas o temos de fazer porque a nossa consciência nos diz que é essa a atitude correta"

(Martin Luther King)


"Consciência não tem cor. É verdade. Mas a História tem cor. Aliás, tem cores. Nossa História não é só branca. É negra, é parda, é vermelha, é amarela. Assim é a História de toda a humanidade. Zumbi dos Palmares, Martin Luther King Jr., Nelson Mandela e Barack Obama são apenas alguns exemplos disso. Além do mais, a desigualdade no Brasil também tem cor. E isso não é um problema só dos negros do Brasil. É um problema do Brasil – esse país que é de todos, inclusive dos negros. Portanto, o dia 20 de Novembro não é simplesmente o Dia Nacional da Consciência Negra. É o Dia Nacional da Consciência Humana, Histórica e Social. É o Dia daqueles que sabem que a causa negra não é a causa dos negros, mas da Humanidade."
                                                                                 (Léo Barbosa)

Texto disponível: http://leobarbosa.zip.net/

Hoje, havia chuva...



‘Hoje eu achei que ia conseguir, que ia conseguir dizer, quero dizer, dizer tudo aquilo que escondo desde a primeira vez que vi você, não me lembro quando, não lembro onde. Hoje havia calma, entende? Eu acho que as coisas que ficam fora da gente, essas coisas como o tempo e o lugar, essas coisas influem muito no que a gente vai dizer, entende? Pois por fora, hoje, havia chuva e um pouco de frio: essa chuva e esse frio parece que empurram a gente mais para dentro da gente mesmo, então as pessoas ficam mais lentas, mais verdadeiras, mais bonitas. Hoje eu estava assim: mais lento, mais verdadeiro, mais bonito até. Hoje eu diria qualquer coisa se você telefonasse’
                                                           (Caio F. Abreu) 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

METADE

"...E que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso mas a outra metade é um vulcão
Que o teu silêncio me fale cada vez mais 
porque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor e a outra metade também."
                                                                                                         (Oswaldo Montenegro)

sábado, 13 de novembro de 2010

A FELICIDADE TEM NOME


Descobri algo importante sobre a felicidade.
A felicidade pode ser um rosto, uma lembrança, um sabor, uma visão.
Pode ser o contemplar da chuva da varanda de casa ou sentir cada pingo sobre a pele.
Também pode ser admirar o pôr do sol e aguardar a lua cheia surgir majestosa.
A felicidade igualmente pode ser a presença das pessoas que apreciamos.
O olhar, o sorriso, o toque, o cheiro, a voz; ainda que por um breve espaço de tempo, mas que cada detalhe será guardado no nosso relicário para sempre.
Descobri então, que a felicidade tem nome e se chama momento.


Jacqueline Cândido

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A SUPREMA FELICIDADE







“Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão." Carlos Drummond de Andrade



  Imagine a beleza desta frase no início da escura película. O filme A SUPREMA FELICIDADE é um paradoxo concretizado entre a infelicidade; um dos melhores filmes que já assisti. Mas na verdade: O que é FELICIDADE? De acordo com o livro "Felicidade Desesperadamente" do filosofo André Comte-Sponville. “A felicidade é todo o lapso de tempo durante o qual a satisfação parece imediatamente possível”.   Então a felicidade não é algo absoluto, mas sim um processo, ou seja, a busca individual em meio coletivo. Há quem diga que o filme abusou das cenas de sexos, abusou do nu, mas quem não busca a tal felicidade em meio as suas lascivas?  Também há quem diga que não havia conexão entre as cenas,todavia sobrevieram à minha memória outros filmes, poetas, poemas e filósofos.
  O filme é narrado no "Rio de Janeiro, 1945. Em uma rua bucólica, Paulo (Caio Manhente), de oito anos, assiste à  festiva comemoração do fim da guerra ao lado dos pais, Marco (Dan Stulbach), aviador da FAB, e da mãe Sofia (Mariana Lima), sorriso largo, sedutora,  cheia de vitalidade,  cabeça feita pelos filmes de Hollywood. Afinal, foi num baile cinematográfico que o casal se conheceu e acreditou que viveria feliz para sempre."
  Entretanto o filme tem poucas chances de sucesso comercial, visto que, há pouco espaço nas salas para filmes como este.
 Elenco: Marco Nanini, Dan Stulbach, Mariana Lima, Maria Flor, João Miguel, Jayme Matarazzo, Ary Fontoura, Elke Maravilha
Roteiro: Arnaldo Jabor
Produção Executiva: Marcelo Torres
Produção: Francisco Ramalho Jr., Arnaldo Jabor
Direção: Arnaldo Jabor


Maristela Campos 

sábado, 6 de novembro de 2010

A MOÇA DO SONHO

" ... Um lugar deve existir, uma espécie de bazar,
onde os sonhos extraviados vão parar..."
                                                                (Chico Buarque)

Jacqueline

domingo, 31 de outubro de 2010

Se ela correspondesse !?




[...]

Romeu - Ai de mim! As horas parecem arrastar-se tristes. [...]
Benvólio - [...] Que tristeza é essa que faz as horas de Romeu arrastarem-se?
Romeu - O fato de não ter aquilo que, quando se tem, faz as horas voarem.
Benvólio - Apaixonado?
Romeu - Não...
Benvólio - Não apaixonado?
Romeu - Não correspondido por aquela por quem estou apaixonado.
Benvólio - E esse amor, tão delicado à primeira vista, tinha de se mostrar tirano e duro!
Romeu - Esse amor, cujos olhos encontram-se eternamente vendados, deverá, mesmo sem visão encontrar rumos para seu desejo!

[...] 


(Romeu e Julieta- Primeiro Ato - Cena I)

William Skapeare




VITÓRIA!

"A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não somente na vitória propriamente dita."
(Mahatma Gandhi)
Jacqueline

SINTO VERGONHA DE MIM ...

Sinto vergonha de mim…
por ter sido educador de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o “eu” feliz a qualquer custo,
buscando a tal “felicidade”
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos “floreios” para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre “contestar”,
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer…

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti, povo brasileiro !

De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se
os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto.



(Rui Barbosa,1920)